quinta-feira, 2 de julho de 2009

Caminhada de Serviço – Roménia 2006/07 – Avaliação Final – “Para Roberto”


A Roménia é minha.

Estou disposto a acreditar nisso.

Estou disposto a que todos acreditem nisso.

A caridade com quem precisa, começa quando estivermos dispostos a abdicar de nós em prol de outros.

Viver uns pelos outros...

Viver uns pelos outros para Viver...

Pelo segundo ano Gherla é o destino...

Um ano depois volto à Terra prometida. Um friozinho na barriga antecipa a emoção de poder voltar a estar entre as crianças de um país que espera por mim. Espera por nós, e por tudo o que lhe quisermos fazer de bem.

Dois anos de serviço no estrangeiro abrem interrogações. Porquê a Roménia? Solidariedade é algo que podemos prestar na nossa Terra. Porquê ir para tão longe?

Tudo começou com o trabalho desenvolvido, desde há 10 anos, por um grupo de dirigentes do grupo1 de escuteiros da agesci italiana de Civitanova Marche entre outros apoiantes por toda a Itália, que têm vindo a apoiar instituições que acolhem crianças abandonadas e crianças de rua na Roménia, fundando a associação “ I CARE”.

Nos últimos anos a associação “I CARE”, empreendeu uma nova iniciativa mais ambiciosa, de olhos postos no futuro, que pudesse não só suprir as necessidades imediatas, mas mais importante que isso, criar as condições para que estas crianças se possam tornar “cidadãos construtores de um futuro melhor”…

é neste ponto que é pedida a ajuda e surge o convite da associação “I CARE” aos escuteiros italianos, para colaborarem de forma activa na dinamização de actividades com as crianças na Roménia…

a resposta foi pronta - como não aceitar o desafio e a oportunidade de perceber uma realidade tão diferente da nossa, e no entanto tão próxima !

Poderá tal experiência, tão longínqua do nosso quotidiano, ajudar à maturidade dos nossos jovens?

Ajudá-los-á certamente a serem homens e mulheres de vanguarda; pessoas atentas, que recusam ficar indiferentes ao apelo daqueles que mais precisam, serem testemunho da divisa que os move,…SERVIR

Serem testemunho da mudança, e ao mesmo tempo operários da esperança.

Ser um operário de esperança... Palavras importantes para quem servir e dar um pouco mais, são o lema a seguir todos os dias. O escutismo possibilitou algo de fantástico na minha vida. Pertencer a este movimento modificou a minha vida e fez com que a solidariedade fosse um lema para todos os dias. Nos dias quando trago o lenço, e nos dias onde ninguém o vê.

a experiência romena poderá ser a oportunidade dos jovens escuteiros, alargarem horizontes, desejando ver para além das suas esferas de conforto, aprendendo a observar com os olhos do coração

será talvez o primeiro passo para operar mudanças profundas nos seus estilos de vida, redescobrindo os valores e princípios genuínos do escutismo

Na minha primeira participação no projecto foi-me dito que o máximo que poderíamos levar à Roménia era alegria e para esquecer a esperança, porque uma semana não dá para levar mais que alegria.

Depois de participar dois anos acredito que também levei esperança...

Foram muitos dias de actividade com jovens sem família e longe da nossa realidade. Foram dias de esperança e de emoção onde o contacto com outros jovens escuteiros Italianos e Romenos nos faz acreditar que esta fraternidade mundial é caminho de vida.

A despedida foi mais dura que no ano anterior.

Às crianças, é sempre difícil a separação. Espero que este sopro de alegria fique nos vossos corações.

Ao Tibi (Chefe dos Escuteiros Húngaros em Gherla) que me pediu para não me esquecer de Gherla e me obrigou a prometer que voltaria para o ano. O último abraço foi prolongado e cheio de dúvidas na minha cabeça. Gherla precisa de ti disse-me ele na derradeira hora com os olhos cheios de lágrimas...

Ao Roberto (Criança que me apadrinhou como Pai), és tu que me fazes acreditar... Espero notícias tuas...

Todos os dias da minha vida penso no privilégio de poder estar presente nesta caminhada.

Hoje sinto-me mais capaz, mais perto do Homem Novo.

Fui escolhido para estar presente em algo belo que me faz pensar na verdadeira dimensão do serviço, e na capacidade de lhe responder.

Tudo o que fizermos, não será mais do que uma gota no Oceano, mas se não o fizermos, se não pusermos esta gota no Oceano, ao Oceano faltará sempre alguma coisa, e este Oceano não será tão imenso!...”

Madre Teresa de Calcutá

Obrigado a todos que fizeram da minha caminhada de serviço uma realidade.

Obrigado Roberto porque me fazes acreditar.

Garça-Real

Miguel Ferrão – Agrupamento 170 Sertã

Região de Portalegre e Castelo Branco

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